TURQUIA - Da Capadócia aos Derviches Dançantes

E lá vamos nós para mais um dia de viagem, deixando o Vale de Goreme em direção à Konya, parando sempre que a nossa guia, que falava um portunhol perfeito quase senti remorso por ter amaldiçoado o antigo guia encontrava alguma "lujinha" para nos induzir a estourar o cartão de crédito...ainda bem que meu marido guardou o meu desisti de procurar depois de uma semana.

 

A primeira dessas paradas de esbórnia financeira, foi numa fábrica de joias, bem na saída de Goreme, especializada em peças exclusivas feitas em ouro e ônix.

Ônix significa "unha", pois diz a lenda que um dia Cupido estava aborrecido e, por diversão, começou a cortar as unhas de Vênus, que dormia e deixou as unhas na areia. As unhas se transformaram em pedra (ônix), de modo que nenhuma parte de seu corpo divino pereceu.

 

Suponho  que Vênus pintasse cada unha de uma cor diferente,  porque vi ônix em vários tons de verde, amarelo, azul, rosa, vermelho, marrom, bege, cinza, preto e branco! Eita deusinha vaidosa parece um monte de gente que eu conheço!

Esse vitral é feito com ouro, ônix, prata e vidros especiais, e custava uma pequena fortuna meio que tive um ataque por não achar o maldito cartão de crédito...e só por encomenda!!!

A Capadócia tem as melhores minas de ônix do mundo e os artesãos são especialistas em artigos de joalheria, vasos, jogos de xadrez, e inúmeras bugigangas. 

Confesso que eu fiquei impressionada com o talento dos ourives turcos...  

Os colares são simplesmente enlouquecedores....um mais lindo que o outro, com um brilho único, devido a iluminação estratégica sabem mesmo como vender esses turcos...

Mas o que me encantou de verdade foi essa porta, em bronze e peças de ônix azul claro...parece a entrada do céu!

São inúmeras peças exclusivas, alguma de gosto um tanto quanto duvidoso meio polaco da nhãnhã, quem é do Sul vai entender! mas outras de um bom gosto digno de qualquer sultão moderno!

Saímos da "lujinha" ao som dos gritos da guia, aplausos  dos maridos aliviados e lágrimas de diversas esposas e namorados contrariadas até o último fio de cabelo incluindo eu, claro pois ela ainda pretendia nos levar para mais compras.. e lá fomos nós, para desespero generalizado dos maridos incluindo o meu....

Nossa segunda parada foi numa Vila, chamada Avanos, para visitar uma fabrica de cerâmica.

A cerâmica é uma atividade bem antiga na região da Capadocia e conhecer um de seus ateliers vale a pena...e são muitos!!!

O vilarejo de Avanos, é o principal centro ceramista da região, com diversas lojas e produtores e até mesmo artistas consagrados, com grife exclusiva.

Logo de cara nossa guia nos levou para assistir uma aula grátis sei, me engana que eu gosto  sobre fabricação de vasos e utensílios. O lugar é dividido em duas partes: a oficina, onde tem barro, tinta e forno para todo lado e a loja de exposição. O artesão que nos mostrava a técnica até chamou alguém do grupo para fazer um vaso no melhor estilo GOSTH, e teve marido dando piti pelo convite mas ninguém da turma se animou!

Finda a "aula" vamos ao que interessa: GASTAR!!!! Rs...

Os nichos  são desenhados especialmente para valorizar cada peça...o que na minha opinião nem "carecia", pois são peças maravilhosas e únicas!

Não me perguntem para que serve essa peça, pois nem a nossa guia soube explicar! Mas que é linda, isso é mesmo! 

   

 Vasos para vinho...lindo não?

Vista panorâmica da loja.

Ao fim de mais uma gastança desordenada não da minha parte pois o maldito cartão ainda estava confiscado, continuamos a peregrinação comercial. Só faltavam os camelos, para sermos uma verdadeira caravana!

A terceira e última parada, já passado MUITO da hora do almoço, foi numa cidadezinha chamada Sultahani, no Palácio das Caravanas.

O lugar, que em turco chama-se Kervan Saray, e na verdade era uma antiga hospedaria, que abrigava as caravanas que transitavam para lá e para cá...pobres camelos aliás, depois da cuspida que um me deu, quero mais que as patas deles fiquem inchadas de tanto camelar!

A camelada vinha da China e passava pela região, com destino a Istambul, mas  na verdade o ponto final das caravanas era Veneza  tá bom, agora to mesmo com pena dos camelos. 

Havia hospedarias deste tipo por todo o percurso, pois os camelos precisam dar uma paradinha  para descansar a cada 30 km percorridos, sabiam?

Bem, daí o  governo turco ofereceria a hospedagem totalmente “de grátis” para os comerciantes, mas em troca tinham que pagar impostos para passar pela rota. Já naquela época havia o famoso “toma lá, dá cá”!!!!

 

Estes painéis são originais, mosaicos de azulejo, que eram usados como fontes de água. 

Na época em que foi construída, por volta de 1230, esta era a maior hospedaria de toda a Turquia. Foi apelidada de hospedaria do sultão, pois naquela época Konya era a capital do império e o sultão se hospedou ali por algumas vezes.

Hoje é uma mistura de restaurante e museu, com peças que vão desde material agrícola até trajes de época e  quadros da região.

 Não creio que fosse fácil a vida de um agricultor daquela época! A peça maior, que a princípio pensei ser uma porta porta sou eu era um ARADO! Tomara que fosse puxado por um camelo mal educado!

Mais material de trabalho.

Alguns dos trajes típicos da Turquia da época em que Karvan Saray ainda era uma hospedaria na rota do comércio asiático.

Claro que o almoço foi o ponto alto da visita, pois já passava das 14:00 horas e o povo esteve a ponto de jogar a guia pra fora do ônibus em sinal de protesto pela demora!

Depois de saciada a fome, toca mais 1 hora e meia de viagem até chegarmos em Konya, onde ficaríamos hospedados.  Esta cidade metropolitana, com mais de 1 milhão de habitantes é muito conhecida pelo cultivo e comércio de beterrabas, trigo e girassóis. 

A chegada no Hotel foi a parte mais agradável do dia, pois o calor estava de deixar camelo arriado dos 4 pneus!

Logo na entrada já vi que iria me dar bem...era um hotel SPA!!!!

Quem sabe isso me ajudaria a me livrar dos DUZENTOS quilos adquiridos nos últimos 10 dias... 

A única coisa ruim é que não daria tempo de desfrutar a piscina pois sairíamos cedinho e a noite só poderíamos usar a piscina "terapêutica" lama e agua quente o suficiente para cozinhar lagosta após o Show.

E não é que teve Show mesmo? A dançarina do ventre causou furor entre os turistas europeus claro que meu marido não pode ver pois estava devidamente vendado e entre alguns brasileiros mais afoitos!

Para variar, sempre tem um "gringo no samba", ou neste caso, na dança do ventre, disposto a pagar uma mico básico!

E conforme o esperado, após o Show, quem estava a fim de pagar um King Kong? Nós, as três malucas do grupo!

 A piscina de água vulcânica tava quente pra carvalho é terapêutica e reza a lenda que cura desde dor de cabeça até espinhela caída!!!!

 

Não sei se curava algo, mas que estava muito divertido, garanto que estava...além disso, serviu para relaxar e restabelecer as forças, pois no dia seguinte visitaríamos Mevlena.

 

 Mas isso vocês já sabem, essa é outra história...