sábado, 13 de dezembro de 2014

ROMA- Basílica de São Pedro, o coração do Vaticano e da Igreja Católica.

Um país dentro de outro pais...assim podemos localizar a Cidade do Vaticano, que tem um território de menos de um km quadrado, com um pouco mais de 600 habitantes. É o menor país do mundo e no centro dele está a Basílica de São Pedro, coração da igreja Católica no mundo!


Considerada a mais bela do mundo, a praça de São Pedro abriga várias preciosidades, tais como a Basílica de São Pedro, a Capela Sistina, o Museu do Vaticano e outras. Infelizmente nosso pouco tempo nos permitia  ver apenas uma delas...a sorte caiu sobre a Basílica!
Mas falemos da praça antes! Projeto de Bernini, no séc. XVII, é baseada no estilo clássico, mas com influencias do barroco e foi erguida sobre uma grande parte do Circo, iniciado por Calígula o maluco da piscina dos meninos-peixinhos e concluído por Nero isso mesmo, o maluco da harpa incendiário . Aqui, por volta do ano 67 d.C. o Apóstolo Pedro foi crucificado e seu corpo enterrado nas redondezas.



É a maior praça de Roma, com 240 metros de largura e 340 de comprimento. Tem um formato elíptico, com colunatas rodeando quase todo o perímetro e um obelisco egípcio no centro. Aliás, a história dele vale a pena conhecer... Conforme se pode ver pela foto abaixo, "roubartilhada" da net, o obelisco não é somente um adereço da praça. Ele é uma relíquia de mais de 4.000 mil anos, vinda do Egito e que adornava o Circo de Nero.





Em 1586, a mando do papa Sixto V, ele foi removido para cá, por 900 homens com 150 cavalos, inumeráveis polias e kilometros de cordas e um esforço sobre-humano para levantar a peça de 350 toneladas e mais de 25 metros de altura. É pouco? Então tem mais: eles levaram QUATRO meses para realizar tal façanha!
E tem mais ainda: é também um imenso relógio solar, quase tão preciso quanto o Big Ben! Chamado de " testemunho mudo", pois teria presenciado a crucificação de Pedro, é um ponteiro que indica precisamente o meio-dia e os solstícios mais longos e curtos do ano, marcando assim o início do inverno e do verão!
Reza a lenda que ele teria sido "exorcizado" pelo papa antes de ser colocado na praça...vai saber!!!

No alto do Obelisco, foi colocada uma cruz, que simbolizaria o triunfo da Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o mundo inteiro.
Em 1675, para complementar a colocação do obelisco, Bernini projetou uma fonte linda, que além de tudo serve para abastecer as garrafas de água dos visitantes ou mãos de vaca como eu.


A Basílica primitiva, com 5 naves, foi construida em 326 por ordem de Constantino, sobre o suposto túmulo de Pedro.
Rapidamente virou o local preferido dos romanos, que mesmo antes do fim do império romano em 476, começaram a se estabelecer na área, aproveitando o restante das construções do império caído.






 Entre 1100 e 1200 a fachada e interior receberam afrescos e mosaicos e em 1330 Giotto e outros artistas fizeram o mosaico da nave lateral e do altar mor.
Nos anos seguintes descuidou-se da obra, que  correu o sério risco de virar apenas mais um monte de ruínas entre as tantas de Roma.

Na metade do séc. XV Nicoalu V decidiu reestruturar tudo e nomeou o arquiteto Rosselino para isso. Ele inicio as obras que nunca mais pararam, até chegar ao que se vê nos dias de hoje.
A fachada atual é de autoria de Carlo Moderno e tem 45 metros de altura com estátuas de Pedro e Paulo nas laterais, cada uma com 5,5 metros de altura.




No alto da fachada, acima da janela da biblioteca de onde o papa faz seus pronuncimentos, podemos ver o lindo relógio desenhado por Giuseppe Valadier em 1795.





As colunatas que rodeiam a praça foram idealizadas por Bernini e representam em sua visão, grandes braços que abraçam a humanidade. São 248 colunas e 88 pilastras, em mármore travertino de Tívoli, a mesma pedra usada na construção do Coliseo. 
 Para coroar a obra, os pupilos de Bernini esculpiram as estátuas de Cristo e 11 Apóstolos deixaram Judas, o Escariote, de fora...traidor safado! cada uma com 3,2 metros de altura.
 As portas de bronze da Basílica são outra atração á parte. Num total de 5, são todas decoradas com relevos bíblicos e a Porta Santa, é aberta exclusivamente pelo papa para marcar simbolicamente o início de um ano santo.
As outras são guardadas pela guarda pessoal do pontífice, a Guarda Suíça.Aliás, a história da guarda é bem legal.
Vem desde o séc. XVI, quando Julio II pediu ao rei católico da Suíça que lhe mandasse um grupo de soldaados para sua segurança pessoal.
Foram escolhidos 150 dos melhores soldados suíços com sua roupa engraçada e sob o comando do Capitão Kaspar foram despachados para o Vaticano e permanecem por lá até os dias de hoje não os mesmos, claro.



"Eu sou a porta. Quem entra por Mim será salvo. entrará e sairá e encontrará pastagem". (Jo, 10:9).
Intencionando lembrar isso aos fiéis, Martinho V abriu pela primeira vez a Porta Santa do Latrão em 1423, mas só em 1499 o costume foi estendido à Porta Santa da Basílica de São Pedro, por ordem de Alexandre VI.



Passando pelas portas, chega-se ao Átrio ou Teto do Pórtico, que também é obra de Carlo Madeno, sendo considerada uma de suas obras mais valiosas.

O teto é todo decorado em estuque, com cenas da vida de Pedro e alguns papas. Logo de cara, na entrada central encontra-se o famoso mosaico de Giotto, Naviccela e na parede em frente o relevo Pasce Oves Meas, de Bernini. Em tempo, o nomes das cinco portas são: Porta da Morte, Porta do Bem e do Mal, Porta de Filarete, Porta dos Sacramentos e a famosa Porta Santa.
Nem preciso dizer que fiquei literalmente boquiaberta, né?

Infelizmente sou uma péssima fotógrafa e como não consegui nenhuma foto boa do mosaico de Giotto, peguei essa no site do Vaticano, para mostrar a beleza e delicadeza da obra...simplesmente maravilhosa!









Ainda boquiaberta pela beleza do átrio, meu queixo caiu quando vi a Nave Central. Com um espaço dividido em três naves separadas por pilares, tem uma área total de 2,3 hectares.
Tem 187 de metros de comprimento e 45 altura e é coberta por abóbadas de berços.













São dez mil metros de mosaico quem faz mosaico deve estar imaginando o inferno que foi cortar pedacinho por pedacinho dos vidros assinados por inúmeros artistas  dos séculos XVII e XVIII, tais como Pietro de Cortona, Giovanni de Vecchi e Francesco Trevisani.
Nos arcos, estátuas que representam as virtudes, tais como obediência, humildade, paciência e outras.


Desenhada por Donato Bramante com contribuição de vários mestres da arquitetura renascentista, tais como Michelangelo, Rafael e Bernini, na verdade teve seu inicio em 319, sob o imperador Constantino, que mandou erguer a primeira igreja sobre o túmulo de Pedro.
No século 17 o prédio foi aumentado e a fachada como se vê hoje foi concluída. Em 1626 o papa Urbano VIII consagrou a igreja depois de 1, 3 mil anos da primeira construção! Me impressionou isso...
Na verdade os trabalhos só foram concluídos no século 18, quando foi acrescentada uma sacristia.
Atualmente a Basílica tem 11 capelas e 45 altares, além é claro, de um acervo artístico admirável e impagável.

 Ainda na Nave Central está o Baldaquino de São Pedro, bem abaixo da Cúpula. Formado por 4 colunas salomônicas em espiral, repleta de entalhes e ramos de oliveira, tem grandes estátuas angulares em sua cobertura e uma esfera de bronze dourada.

Certamente é um dos locais mais impressionantes da Basílica, e foi feito por Gian Lorenzo Bernini,  e apresenta um desenho exuberante gritante na verdade próprio do estilo Barroco, o que se mostrou uma excelente solução para ocupar o imenso espaço aberto no interior pelo domo central.


No interior dele, há uma pomba dourada, símbolo cristão do Espírito Santo e tem 29 metros de altura. É todo feito em bronze e segundo consta, para conseguir material suficiente para a obra, o papa mandou derreter bronzes antigos do Phanteão, o que chateou deveras o povo romano da época!

No centro do Presbítério encontra-se a Cadeira de São Pedro, uma obra tambem monumental, uma relíquia concebida por Bernini, que guarda uma cadeira da época paleocristã, que supõe-se ter sido usada pelo próprio apóstolo Pedro.

Levou 10 anos para ser concluída, de 1656 a 1666 e foi colocada na abside pelo Papa Alexandre VII. Detesto ser desmancha prazeres, mas descobri que na verdade a tal cadeira que supostamente foi de Pedro, trata-se do trono de madeira em que Carlos, o Calvo até reis perdem os cabelos...e eventualmente a cabeça foi coroado imperador em 875. Outros dizem que foi um regalo de Rei Carlos II, da França para o Papa Adriano II, em 875.
Acho que nunca vamos saber a verdade...


Na obra de Bernini, vemos a representação de Cristo entregando as chaves a São Pedro, de um lado da cadeira, e do outro lado a imagem de Cristo lavando os pés dos doze. Há também uma inscrição datada de 370, ou seja, com mais de 1.600 anos, atribuída ao papa São Damaso, que fala de uma tal cadeira portátil, que é a tal "cátedra" de São Pedro.
Isso se meu dicionário de italiano estiver correto!!!

Ao lado da Cátedra, há imagens de vários santos, mas essa eu tenho que contar a história...peguei a foto na net, pois no dia eu sequer imaginava quem seriam os tais santos...rs!
Estou falando dele, o santo que vive para procurar as chaves do seu carro: São Longuinho! Isso mesmo, ele existe!!!

Á direita do Baldaquino, essa escultura retrata o soldado que teria transpassado com a lança o lado de Jesus na Cruz. Dizem que uma gota do sangue do Senhor caiu nos seus olhos e ele viu a Glória de Deus e se converteu ao Cristianismo.
A obra também é de Bernini, mas juro que a história do "tres pulinhos São Longuinho" eu sequer imagino de onde veio!





















Na Nave da Epístola encontramos a Pietá, de Michelangelo. Confesso que por mais que já tivesse visto em fotos ou livros, eu não estava preparada para tamanha perfeição artística. É a obra mais famosa do mundo e representa Jesus morto nos braços de Maria, numa cena que exprime a dor e a resignação de uma mãe por perder seu filho.



Michelangelo tinha apenas 24 anos quando concluiu a obra e como ainda não era conhecido, todos atribuíam a outro artista. Injuriado, ele voltou e esculpiu na faixa que cruza o peito de Maria o seu nome.
Feita de mármore de Carrara, desde 1972 fica protegida por esse vidro à prova de balas, depois que um maluco qualquer atacou a imagem com um martelo e quebrou um pedaço do braço esquerdo.



Também em bronze, esta estátua de São Pedro atrai milhares de peregrinos do mundo todo, que veneram o santo.
De autoria de Arnolfo di Cambio, mostra o apóstolo segurando as chaves na mão esquerda e com a direita supostamente abençoa os fiéis. Nas grandes festas vestem a imagem com roupas especiais...nem vou comentar!
Quem passa por ela, beija seu pé direito, o que acabou causando um desgaste no bronze.











A Cúpula! Cereja do bolo que deixei para mostrar por ultimo devido a um costume adquirido na infância; sempre deixei o melhor para o final
Projetada por Miiquelângelo, paira acima da cidade de Roma como se fosse sustentada por um anel de colunas geminadas...Podemos apreciá-la por dois angulos: interna e externamente.
Comecemos pelo primeiro!

Por cima dos balcões laterais do Baldaquino estão os mosaicos que retratam os 4 evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.
A inscrição em mosaico dourado e azul, feitos de ônix e ouro, circunda a base da cúpula como um cinto e diz:
"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja e sobre ela as portas do inferno não prevalecerão"...Palavras de Jesus ao apóstolo.
Foi a ultima grande obra do artista, que infelizmente morreu antes de vê-la concluída. Segundo consta, ele teve tamanha paixão pela finalização da Basilica com esta maravilha, que se recusou a receber pagamento pélo seu trabalho!
De todo o interior da Basílica pode-se observar o incrível jogo de luz que se projeta para baixo, dando um aspecto quase sobrenatural ao ambiente.
É possível subir até o alto, mas prepare as pernas, pois são 551 degraus até o topo eu contei cada um deles, me amaldiçoando mentalmente por não querer pagar os 10 euros pelo elevador! com uma pequena parada na Cinta Interna da Cúpula, onde se pode observar mais de perto os mosaicos maravilhosos que a adornam.
Da cinta Interna, temos uma vista fantástica, tanto da abertura do domo, quanto do interior da basílica, 
com os turistas caminhando pelo seu interior tão pequenos que parecem formiguinhas!
Marco no estudo da engenharia de estruturas pelas tres correntes de ferro circundando sua base, eleva-se a uma altura total de 136,57 metros do chão até o topo da cruz exterior.

A decoração do interior da cúpula, rica e detalhada, cria uma ilusão ótica que dá uma impressão de verticalidade, como se estivéssemos realmente subindo aos céus. 
É genial e impressionante!

Para quem tem juízo, a visita termina aqui, mas a vista das alturas, da parte exterior da cúpula até o alto do domo, é realmente chegar ao topo do Vaticano.
Pessoas claustrofóbicas devem prestar atenção na escada, pois além de interminável já falei que são 551 degraus? é super apertada e em espiral, o que causa uma certa tontura.
Mas ânimo, descer todo santo ajuda!


A pequena parada para observar o interior da base da cúpula é uma sonho para qualquer pessoa que aprecie arte. 
É simplesmente um museu, que reúne mosaicos de  vários artistas famosos, tais como Giuseppe Cesari.

E, pasmem, as minúsculas pedras que compõe  os mosaicos são todas precisosa, no sentido literal da palavra; ônis, safiras, ouro, turmalina e outras. 
Um tesouro incrustado nas paredes!















 Confesso que a foto não ficou das melhores, mas é possível observar as pessoas do outro lado da cinta da cúpula, à direita, por detrás das grades de segurança colocadas depois que um maluco resolveu se jogar daqui de cima e morrer caindo no Baldaquino!
Parece mentira, mas ele se tornou celebridade na época...rs!
Aqui começa mesmo a aventura. Vale lembrar que não há volta depois que se começa a subir a famigerada escada em espiral.
Olhei deste ângulo e não me pareceu tanta coisa afinal...deveria ter sido fulminada por um raio nesse momento! Não tem área de descanso no trajeto e a turistada te leva, num efeito boiada, impiedoso!
 

Algum aviso deveria ter sido disparado no meu cérebro ao perceber a diferença de tamanho entre meu marido e o topo do domo...mas a idiota aqui pensou; quem sobe 200 degraus, sobe mais 300! 
Vai vendo....
Aqui, na base externa da cúpula, pudemos abastecer a garrafinha de água, tomar um café, comprar as famosas lembrancinhas cafonas de viagem confesso que minha geladeira parece penteadeira de puta, cheia de imãs das cidades visitadas e apreciar de perto as esculturas dos Apóstolos que foram feitas pelos alunos de Bernini e dão acabamento as colunatas que rodeiam a praça toda.
Mesmo com as pernas bambas de cansaço, suando feito um gambá e babando de sede consumi minha água nos 50 primeiros degraus o esforço cavalar diria eu valeu a pena ao chegarmos no alto do Domo de São Pedro!
 
 
A vista fantástica de toda a cidade de Roma e da Praça de São Pedro me fizeram esquecer da hérnia recém adquirida e das câimbras até nos cabelos!

 
 Ao fundo e a direita, o Castelo Sant´Ángelo, os jardins do Vaticano, o Palacete do papa...enfim, toda a beleza aérea que recompensa o destemido maluco de carteirinha turista que se propõe a encarar a subida..



Tá bom, confesso: faria tudo de novo!
A sensação de estar no topo da cidade eterna, vendo o vasto domínio do que já foi o império romano, é mais do que recompensa, é privilégio inexplicável!









Depois de nos sentirmos no topo do mundo, hora de encarar a triste realidade: tudo que sobe, tem que descer!
Sem água, com os pulmões pedindo para sair, lá fomos nós, encarar todos os 321 degraus do domo, mais os 250 e tantos que eu por pura mão de vaca não quis pagar os 10 euros até o interior da Basílica.
Isso mesmo, se você não compra o ingresso de subida e descida pelo elevador até a base da Cúpula, não venha de xurumelas....na volta não pode mais comprar! Nem preciso dizer o tipo de reclamação que ouvi do meu marido, não é?




Na saída, pelo lado esquerdo da fachada principal, acaba-se passando pelo portão que leva ao regimento da guarda suiça, sempre atenta a segurança do Vaticano percebe-se que eles inclusive são capazes de dormir em pé  e logo em seguida pode-se visitar a Capela Sistina.












Ultima foto da Praça São Pedro e lá fomos nós, correndo mentira, depois daqueles malditos degraus, passamos uma semana nos arrastando feito tartarugas velhas para nosso ultimo jantar em Roma, antes de embarcar para a belissima Florença.
Mas isso, como vocês já sabe, é uma outra história...

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