ROMA - Piazza della Repubblica, Igreja Santa Maria degli Angeli e o Meridiano que revolucionou a astronomia!

Três dias em 28 horas! Acho que em nenhum momento da minha longa vida quis reclamar matar de alguém como na chegada em Roma. Explico: tínhamos apenas 3 dias para visitar a cidade, o que por si só já era um absurdo, e por falha do site onde comprei o pacote, não confirmaram a reserva do nosso hotel!

Resumo da ópera: chegamos as 10:00 horas da manhã e descobrimos que estávamos sem hotel! Sem entender NIENTE de italiano, perdi o dia todo tentando resolver o problema. Detalhe, a cidade estava lotada por conta de uma oktoberfest! 

Por sorte, ou melhor, milagre, conseguimos um hotel na Praça da república, a poucas quadras da estação de trem onde estávamos. Mas com isso, perdi o dia inteiro, pois só chegamos no hotel as 15:00 horas...ou seja, nossos 3 dias minguaram para 28 horas apenas!

Hotel acertado, meio dia perdido e lá fomos nós visitar a Piazza della Repubblica, a poucos metros da Estação Termini, perto da antiga Terma de Diocleciano, que servia para banhos públicos e hoje, em parte das ruínas, é a Igreja de Santa Maria dos Anjos e  do Martírio o sacro e o profano convivem bem nesta cidade né São Pedro?.

Ainda bem que o hotel ficava a apenas duas quadras da praça, pois mesmo que “todos os caminhos levem a Roma”, ficar perdido nessa mega-metrópole não é uma boa ideia! O local oferece uma boa apreciação da vida corriqueira da cidade, que alias tem um ritmo frenético durante o dia e uma calma inexplicável ao anoitecer.

Bem que me disseram que Roma é um museu a céu aberto! A arquitetura de toda a cidade é de deixar a gente boquiaberta...e olhe que sou advogada, e não arquiteta!

É interessante observar que a Igreja parece uma espécie de “fivela” num cinturão formado pelas edificações da praça, que forma um grande círculo, cujo centro é ocupado pela fonte das Naiades tipo de ninfa ou coisa que o valha, esculpidas por Rutelli em 1901. Nuas, as ninfas causaram um escândalo na época.

A Igreja de Santa Maria dos Anjos é uma agradável surpresa, justamente por ficar nas ruínas das Termas de Diocleciano e ser um projeto de Michelângelo, encomendado por Pio IV  em 1561, para homenagear os primeiros cristãos, posto as termas terem sido construídas com seu o sangue e suor e provavelmente muitas lágrimas e algumas maldições.

Além disso, a igreja tem um meridiano que a atravessa longitudinalmente, com os signos do zodíaco e seus solstícios de verão e equinócio como eu já disse, sacro e profano de mãos dadas por aqui. A claridade que entra pela Cúpula, por si só já valeria a visita.

Quando o papa Pio IV deu o local aos monges de Santa Cruz em Jerusalém, Michelangelo o salão central dos banhos nesta igreja fantástica. O trabalho começou em 1563. Os dois eixos do piso, na forma de uma cruz grega, com quatro capelas laterais, relacionam-se à antiga Terma, com as piscinas intituladas frigidário, caldário e tépido.

O piso central foi erguido dois metros, para manter seco o interior, de modo que parte das colunas desapareceu sob o piso sendo substituídos por outras estruturas, mas as colunas monolíticas de granito vermelho e a abóbada poderosa que se ergue sobre o atual transepto dão alguma ideia de como os banhos eram na antiguidade.

A igreja é sonho e esforço do sacerdote siciliano Antonio Lo Duca, que pretendia tornar oficial a devoção aos sete anjos (Michele, Raffaele, Gabriele, Jeudiele, Salatiele, Barachiele e Uriele) devido a visão que teve, de uma luz branca emergirindo das ruínas das Termas de Diocleciano e no centro estavam os sete mártires.

Todos que se recusaram a honrar os deuses tradicionais eram obrigados a trabalhar nas pedreiras e na fabricação dos tijolos da antiga Terma. Boa parte deles eram cristãos e sete deles foram considerados depois pela Igreja Católica Mártires.

A riqueza dos entalhes, dos afrescos e mosaicos não deixam nada a dever as Basílica Maiores...aliás não faço a menor ideia de porque umas são chamadas de Basílicas Maiores e outras menores! Todas tem quase o mesmo tamanho! Alguém sabe me dizer???

Não sei tocar sequer reco-reco, mas juro que me emocionei ao ver o tamanho do órgão sem sacanagem e imaginar a acústica que deve produzir essa igreja linda...

Clemente XI também encomendou ao astrônomo Bianchini a instalação de um meridiano, por onde um jato de luz passava e indicava as horas com precisão e também servia para observações precisas do céu e resolvia complexos problemas astronômicos  que aliás eu tô sem entender até agora.

John Heilbron, professor da Universidade de Califórnia,  explica que o meridiano no chão de Santa Maria degli Angeli “pôde fazer coisas que não se conseguia com os telescópios da época”, como calcular com exatidão a inclinação do eixo da Terra.

Pelo pouco que minha inteligência astronômica olha uma frase bipolar aqui gente! me permitiu entender, a luz entra pelo buraco na parede da igreja e se projeta nessa tal linha...

Nas extremidades da linha existem as constelações de Câncer e Capricórnio determinando o soltíscio de Verão e Inverno. Acho que as fotos explicam melhor do que eu!

Esta foto de Fabio Gallo que também se encontra no site da Igreja mostra o orifício por onde entra a luz que incide sobre a Linha Meridiana, que aliás funciona até os dias de hoje!

Quem imaginaria que essa igreja com uma fachada feita sobre ruínas, em seu interior abrigaria tanta informação?

Deixamos a Praça da República e nos dirigimos para a Praça di San Bernardo, ver a  fonte de Acqua Felice, que está situada no ângulo da Via Venti Setembre, conduzindo à Porta Pia. A Fonte é formada por três nichos; no nicho do meio, Moisés faz jorrar a água do rochedo; esta escultura fantástica tem por autor Prosper Bresciano. 

Na direita e na esquerda estão representados: Arão conduzindo os hebreus à fonte miraculosamente surgida, por J. della Porta, e Gedeão atravessando um rio por seus soldados, obra de Vacca. Na frente, quatro leões em basalto, modelados a partir dos leões egípcios conservados no museu do Vaticano.

Admirados pela beleza da fonte, porém ainda indignados e esfomeados, resolvemos pegar o ônibus Hop in-Hop on, para termos ao menos uma ideia geral dos pontos turísticos que poderíamos ver no dia seguinte.

Gosto de sempre pegar um destes ônibus no primeiro dia, pois ajuda a ter uma noção das atrações da cidade.

Não me perguntem o que é, mas achei lindo e tasquei o dedo no botão da máquina fotográfica...

Se alguém souber onde fica essa estátua e o nome, please, me avise! Lembrete para mim mesma: da próxima vez, papel e caneta junto com a maquina...

Mas vocês conhecem aquele ditado que diz “pior não fica”? Fica sim!!! No nosso caso acabou a bateria da máquina fotográfica e só pudemos registrar a beleza das ruas de Roma em nossa memória!!! 

E só para constar: Roma é de fato um museu a céu aberto!

Como o que não tem remédio, remediado está, encerramos o ia com um jantar tipicamente italiano, com direito a afogar no macarrão e vinho minha frustração e ódio do site...um dia digo qual foi e da máquina. Ainda bem que o celular ainda tinha fôlego para registrar esse ultimo momento!

Mais conformada com o caos turístico, voltamos para o hotel descansar o esqueleto, pois o dia seguinte seria cheio...mas isso, como sempre, outra história é!!!